sábado, 29 de agosto de 2009

Subsídios para a organização do trabalho docente

Subsídios para a organização do trabalho docente

A escola escolhida E. M. (V. M. S. L.) está situada no município de Ubatuba e no seu Projeto Político Pedagógico não há esclarecimentos ou direcionamentos de ações com relação à compreensão da sociedade atual e as exigências que esta faz a escola, embora sejam pontos percebidos no dia a dia do contexto educacional da instituição e uma necessidade a direcionar idéias e ações para esta compreensão, quando conversamos com professores, a diretora e coordenadora da escola. Mas o que não é compreendido, está relacionado a importância da elaboração coletiva do Projeto Político Pedagógico e que este documento está muito mais além de uma formulação burocrática. Este projeto é o dará todo o direcionamento de ações de tudo que envolve o contexto educacional em uma instituição de ensino.
A escola pela função que exerce de compartilhar e reprodutora da vida comunitária, sofre todas as conseqüências de não ter claro suas ações e objetivos e não consegue se preparar para enfrentar as exigências do mundo atual (informatização e tecnologia, por exemplo). Necessário se faz que as escolas construam Projetos Pedagógicos, a partir de princípios dialógicos do planejamento participativo e coletivo no continuo propósito de se utilizar o diálogo como estratégia para solução de problemas da comunidade escolar.
A educação pode ser entendida como instrumento de promoção de mudanças na sociedade, pois trata da mobilização das pessoas, e da mobilização das estruturas sociais e econômicas de uma comunidade, de um município, de um estado, do Brasil. A educação é um instrumento de transformação para a sociedade, pois trabalha com valores de liberdade associado aos valores de responsabilidade, ou seja, a ação participante e reflexiva cidadã de grupos inseridos no contexto (sociedade).
A escola de hoje precisa formar cidadãos mais preparados e qualificados para atuar no seu meio social. Para isso, o ensino deve contribuir para prover uma formação global para a vida, desenvolver conhecimentos para o exercício da cidadania, da ética, da solidariedade da sociedade que queremos e significamos.
Para os educadores é necessário destacar que educar para transformar, significa atuar em processos constituídos dialogicamente pelos diversos setores da sociedade, ou seja, a escola é a instituição que transporta para dentro de seu contexto, os contextos vivenciados pela comunidade na sociedade como um todo (manifestações culturais, política, religiosas, tecnológicas). Educar para liberdade e responsabilidade é reconhecer os sujeitos sociais e suas especificidades. Educar para transformar é fornecer, no processo educativo, as condições para a ação modificadora dos indivíduos e grupos sociais, é trabalhar a partir da realidade cotidiana com o objetivo de superar as relações de dominação e exclusão características e da sociedade atual.
Considerando que nós homens somos seres em constante formação, também assim deve ser a educação: contínua e constantemente replanejada pela e para as que as praticas educacionais sejam significativas.
O conhecimento produzido pela humanidade transforma-se na cultura escolar que compõe o currículo e a principal qualidade das escolas deve ser o seu caráter democrático para priorizar e valorizar esta cultura. Esse currículo vigente em nossas escolas precisa ser redimensionado para agregar temas relativos a questões de classe social, etnia, gênero alicerçados nos princípios da cidadania e da democracia.
Cipriano Luckesi em seu artigo discute o processo ensino-aprendizagem e utiliza-se de vários recursos teóricos com o objetivo de auxiliar os professores no seu trabalho. Dentre as idéias do autor é destacado:

(...) para um exercício organizado da prática docente, importa:
• Ter clareza da direção que a sociedade dá a pratica educativa;
• Proceder a critica desta direção, verificando tanto se ela nos satisfaz ou não como as razões desse entendimento;
• Definir a direção que efetivamente desejamos dar à nossa prática.

“... assumimos que o fim político da ação educativa crítica é trabalhar no sentido de que todos os cidadãos tenham acesso e permanência dentro do processo escolar, sendo-lhes garantida uma aprendizagem satisfatória e significativa dos conteúdos científicos e culturais, sistematizados através dos currículos. Todo cidadão tem direito de acesso aos conhecimentos e habilidades necessários a viver bem nesta sociedade."
"A aprendizagem ativa é aquela que é construída pelo educando a partir de sua interação com os conteúdos socioculturais. (...) exige também um ensino ativo. O educador, ao trabalhar com seus educandos, deverá estar atento para propor conteúdos e atividades que lhes possibilitem aprender pela ação."
"A aprendizagem deve, ainda, ser inteligível. O conhecimento que se adquire deverá possibilitar a iluminação da realidade; deverá possibilitar que o educando penetre nos mistérios e nas conexões com a realidade, desvendando-os. Assim, no conhecimento adquirido, é preciso que o educando obtenha um instrumento de compreensão da realidade."
"Por 'assimilação receptiva' entendemos a recepção atenta e inteligível que o educando tem de um conhecimento, de um princípio, de uma análise elaborada. O educando é receptivo, mas não passivo. (...) O receptor está ativo enquanto recebe."
"O docente, em sua atividade intencional, deverá organizar o seu trabalho, tendo em vista executar mediações que conduzam à consecução dos objetivos estabelecidos. Se tem como meta o trabalho pela democratização da sociedade e se compreende que esta não pode ocorrer sem que os sujeitos possuam sua independência, importa que o educador, como profissional que tem claro que o setor da Educação é uma das mediações sociais que podem servir à luta pela democratização, deverá ter conhecimentos dos fins a serem obtidos, assim como dos princípios e meios científicos e tecnológicos disponíveis para a obtenção do que se traçou como resultado final de seu trabalho."
Mas isso não basta. Os atores do contexto escolar devem dar importância maior à qualidade das relações que são estabelecidas na escola, que ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura de participação, ação, da emancipação social, fora do significado do ser, de ser humano e do significado da vida. Esse caminho procura contribuir com a construção da autonomia da escola, dos educadores e dos educandos em uma dimensão mais ampla, com a autonomia da própria realidade social hoje e isso se faz pelo dialogo tão escasso pela questão de tempo e a falta de um projeto que identifique a escola inserida numa comunidade.

Por Rosa Cris Perônico

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